Friday, October 24, 2008

O que fazer em meio à tempestade?

Por Alexandre Garcia *

Que a atual crise da economia global pode afetar nossas vidas, isso já sabemos. Que é o pior momento desde o longínquo 1929, também temos ciência. Sabemos, inclusive, que este momento econômico não pode ser subestimado, pois ele foi gerado na locomotiva do mundo e em um contexto onde os fluxos de negócios são dinâmicos e interconectados. Ou seja, o mundo está “autocorrelacionado”.

Entretanto, alguns outros pontos podem ser considerados. Dentre eles, o fato incrível de que o mundo não vai acabar. Podemos, assim, lembrar que ciclos econômicos fazem parte da dinâmica do capitalismo, como disse Kontratief, um respeitado economista.

Também vale considerar que a “economia real”, aquela das empresas do dia-a-dia, segue operando e, mesmo com o risco de sofrer os efeitos colaterais da crise, as perspectivas ainda não são caóticas.

Talvez um aspecto a ser ponderado é a visão fundamentalista. Ou seja, empresas com estruturas sólidas, sistemas de gestão consistentes, estratégias e planos bem elaborados, práticas de gestão da qualidade bem geridas, funcionários comprometidos com os clientes, bem como produtos que tenham valor no mercado continuarão a operar. Sim, podem ser afetadas, mas comparando essas organizações com outras que, talvez, não tenham tais características, há de se considerar que a probabilidade é de que as mais frágeis “joguem a toalha” primeiro. E, com isso, podem surgir fantásticos raios de sol em meio à tempestade. Isto é, empresas sólidas podem aproveitar para crescer com o espaço aberto por concorrentes debilitados, planos de redução de custos podem ser acionados tendo como “justificativa” a crise. Conclui-se que oportunidades podem surgir.

Além disso, podemos lembrar que os recursos que as pessoas estão retirando da bolsa de valores muito provavelmente irão para investimentos conservadores, como a poupança, os quais, por sua vez, têm sido direcionados, ao longo da história, ao financiamento da economia real (casa própria, por exemplo) e, assim, o mundo “segue a girar”.

Com isso, se há algo que não podemos fazer, em um momento como o que estamos vivendo, é agir de forma não planejada. Pelo contrário, esta é a hora de manter “a bússola à mão”, e tentar, ao máximo, nos guiar por ela.



* Economista, especialista em Gestão Empresarial e mestrando em Administração
Consultor Quality Inn